Na noite do dia 20 de Janeiro a casa de uma moradora de uma área de ocupação no bairro Amazônia – zona norte da cidade vem ao chão. Um acidente? Culpa do tempo?, Como propangandeia os órgãos públicos responsáveis pelas políticas públicas de Infra-estrutura? Não, para nós, o acaso não existe, acreditamos num conjunto de relações e evidências concretas que levam nosso meio ambiente a grandes acidentes e catástrofes.
Uma coisa é fato, as pessoas estão morrendo. A moradora Ana Paula, companheira nossa na luta pela moradia sentiu na pele anteontem quando desabou o telhado de sua casa sobre sua cabeça, a deixando gravemente ferida. Por sorte nada de pior aconteceu (já não corre mais risco de vida).
Essa é a política de nossos governantes, responsáveis pelo planejamento, responsáveis por garantir o direito à cidade, à moradia, ao transporte, à alimentação, enfim a uma vida digna, que qualquer citadino é merecedor.
De fato é um assassinato social produzido por eles; quando não expulsam os moradores pobres das áreas de ocupação abaixo de violência e cassetes com polícia, tratores, bomba de efeito moral e outras armas, esperam que tudo venha abaixo e que nossos companheiros, sem lugar algum para onde ir, saiam de lá dentro de uma ambulância ou pior dentro de um caixão.
Tudo isso, é um estratégia do Capital especulativo-imobiliário-empreendedor, a menina dos olhos do (des)envolvimento de Juiz de Fora produzido pelos poderosos, nesta prática nefasta de segregação sócio-espacial imposta, neste conluio com os órgãos públicos para favorecer as elites da cidade. Para eles existe apropriação de áreas verdes e amenas através desses condomínios fechados (feudos Urbanos), para os pobres existe o crime ambiental e ocupação de áreas irregulares, para eles existem os terrenos vazios esperando a valorização, para os pobres existe desabamento de encostas, enxurradas e inundações, nessas áreas esquecidas e invisíveis pela cidade.
Só a organização das comunidades para denunciar e cobrar da prefeitura e do poder público como um todo, ações que resolvam esse problema de fato. Não queremos que a Defesa Civil seja um órgão mais repressor do que planejador, não contribuindo com projetos de assentamentos populares e praticando a política de demolição e interdição das casas. Para nós as políticas de defesa civil não são propagandas hipócritas do tipo “Vem chuva aí Gente!”, não é simplesmente o desenrolar de uma fita amarela e preta ou a expedição de um mandato de interdição do imóvel. Temos que cobrar do poder público, nos movimentarmos nessa rede de ocupações e áreas irregulares para apressar os programas de habitação e as políticas públicas em geral, (esperamos que o “Minha Casa Minha Vida” não se torne um fracasso ainda maior). Vamos fazer da força de nossa companheira Ana Paula, liderança no Movimento de Luta pela Moradia Digna, nossas forças, que apesar do susto ainda mantém forças nessa luta incansável.
Pela Moradia Digna e Pelo Direito à Cidade na mão de todos!!!!
Ricardo Antônio, Membro da Associação de Geógrafos Brasileiros – AGB/JF,
22 de Janeiro de 2010
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