29/06/2011
Editorial ed. 435
O primeiro semestre foi pleno de números, percentuais e índices que geraram uma certa euforia por conta da manutenção do crescimento da economia brasileira. Crescimento acompanhado das altas taxas de lucro que colocam o Brasil como um dos maiores “produtores” de novos milionários do mundo. São 25 novos ricaços por dia num país de 16 milhões de miseráveis. Esses números passam longe de causar qualquer euforia aos lutadores do povo. Embora as greves, paralisações, negociações acima da inflação e a redução do desemprego sejam sinais promissores, estamos longe de comemorações.
Tivemos até agora boas lutas, tanto no setor público como no privado, das mais distintas categorias, que obtiveram conquistas em negociações importantes, mesmo enfrentando os mecanismos ideológicos, políticos e jurídicos das classes dominantes. Como dissemos no editorial da semana passada, as limitações ao direito de greve fazem parte desses mecanismos. A burguesia tenta criar um clima para contagiar a sociedade e faz um esforço para associar a ideia de que se a economia vai bem, o Brasil vai bem e, consequentemente, todos vão bem. As contradições nesse processo – expressas nas lutas dos trabalhadores - não ganham espaços na mídia burguesa. São abafadas ou tratadas dentro das suas particularidades e aspectos corporativos. Ou então são tachadas de lutas irresponsáveis e ideológicas.
Melhora da economia
A queda do desemprego é um aspecto importante, porque reduz o poder de pressão dos patrões, que se valem da ameaça de demissão e da farta opção da força de trabalho para baixar os salários. Neste contexto, os trabalhadores ganham força para lutar por melhores condições de vida. Por isso, crescem as mobilizações de diversas categorias, com pautas mais ampliadas. Bandeiras históricas são resgatadas. A aprovação na reunião da OIT (Organização Internacional do Trabalho) da ampliação dos direitos do trabalhador doméstico e o voto favorável da maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) ao aviso prévio proporcional ao tempo de serviço nos casos de demissões sem justa causa são avanços importantes. No entanto, essas medidas vão enfrentar um processo de disputa política intensa, dentro da polarização dos interesses do capital e dos trabalhadores, e somente serão convertidas em direitos se houver lutas massivas e unitárias.
Mobilizações
Cada pequena conquista só é possível com a organização dos trabalhadores. As lutas para o segundo semestre prometem ser ainda mais amplas, combinando o calendário de mobilização nos períodos de negociação salarial (petroleiros, bancários, professores, dentre outras) com a construção de jornadas amplas organizadas pelas centrais sindicais, movimentos sociais, organizações populares.
As pautas combinam pontos defensivos (reparações) com ofensivos e de ampliação/resgate de direitos históricos, como a redução da jornada de trabalho sem redução de salário, pelo fim do fator previdenciário, o combate às demissões sem justa causa, por soberania alimentar, pelo aumento do percentual do PIB para a educação, entre outros. Esses são os principais temas de unidade.
Mas somente vamos conseguir avançar se combinarmos mobilizações amplas em todos os cantos desse país, com a unidade das distintas categorias, entre as regiões, e principalmente, com a unidade das centrais sindicais. Precisamos superar os fatores que contribuem para dividir e fazer prevalecer as pautas das categorias, as pautas defensivas. Passar para a ofensiva depende da unidade.
Tornar esse desafio uma realidade, superando o quadro de divisão no interior do movimento sindical, é central para avançar na luta dos trabalhadores e contribuir com a revolução brasileira.
Calendário de luta
Nos próximos meses, temos uma agenda de jornadas amplas. As mobilizações começam no dia 6 de julho, em todo o Brasil, construída e articulada em torno da CUT e da MMM (Marcha Mundial das Mulheres), entre outras forças. O mês de agosto será marcado por mais mobilizações, começando por uma jornada a partir do dia 1, construída e articulada por um conjunto de centrais sindicais (CTB, Força Sindical, CGTB, Nova Central, UGT), juntamente com a UNE, CONAM e outras. Na terceira semana de agosto, teremos mobilizações construídas e articuladas em torno da Intersindical, CSP-Conlutas, Andes, Anel e outras forças, coincidindo com uma mobilização da Via Campesina e Assembleia Popular, concentrando em um acampamento nacional em Brasília e acampamentos nas capitais, por aproximadamente 15 dias.
O papel da militância social, das distintas organizações, movimentos, sindicatos, concepções, crenças e outras diferenças deve ser o de fortalecer essa luta. Ou seja, contribuir para que essas mobilizações sejam massivas, participativas. Que sejam momentos de pedagogia de massas e que cada um contribua para conformar uma pauta ainda mais unificada. Assim, trilhemos os ensinamentos de Marx e Engels: proletários de todo o mundo, uni-vos. Quem sabe daremos um primeiro passo dessa união internacional.
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